terça-feira, 28 de outubro de 2014

DPVAT evidencia violência no trânsito


*Publicado no jornal O LIBERAL de 22/09/2013

BRENDA PANTOJA 
Da Redação

           No primeiro semestre deste ano, R$ 1, 56 bilhão foi  pago pelo Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) a vítimas de acidentes de trânsito em todo o País. São indenizações por morte, invalidez permanente e reembolsos de despesas médicas e hospitalares para 299 mil pessoas. A quantia é 38% maior que a paga no mesmo período do ano passado. O Estado concentrava, até junho, 3,42% das indenizações no País, com 992 benefícios, segundo o Sindicato dos Corretores e das Empresas Corretoras de Seguros (Sincor/PA) e da Seguradora Líder, que administra o seguro DPVAT. A preocupação é que, até dezembro, a frota de veículos deverá chegar a 500 mil na Região Metropolitana de Belém, de acordo com Carlos Valente, coordenador de planejamento do Detran).
       Em 2011, o Pará teve 1.124 mortes no trânsito e ultrapassou os 46 mil acidentes, com o consumo de álcool aparecendo como possível causa em 325 casos. Valente ressalta, contudo, que a embriaguez também está relacionada a manobras irregulares, avanço de sinal, falta de atenção, excesso de velocidade e outros motivos. “A bebida alcoólica é uma das principais causas de vítimas fatais no trânsito, com quase 50% das mortes no País, e no Pará não é diferente”, pontua. Entre janeiro e maio deste ano, o Detran registrou 10.782 ocorrências do tipo “dirigir sob influência de álcool” em todo o Estado. Só em Belém, no mesmo período, foram 1.646 autuações dessa categoria.
A maior concentração de ocorrências está nas rodovias BR 010, 316 e 163, vias que são perigosas naturalmente. O assunto é discutido durante a Semana Nacional do Trânsito (SNT), que vai até quarta-feira e debate o tema “Álcool, outras drogas e a segurança no trânsito: efeitos, responsabilidades e escolhas”. “O número de autuações seria ainda maior se tivéssemos mais equipamentos para fazer a aferição da taxa de álcool no organismo no condutor”, afirma Valente, que defende a prevenção de acidentes para desafogar o sistema de saúde. “Muitas vezes um paciente em situação menos grave não consegue atendimento por falta de leito, ocupado por um acidentado de trânsito”, exemplifica. Do montante arrecadado pela seguradora Líder, 45% é repassado ao SUS, o equivalente a R$ 2,2 bilhões nos primeiros seis meses de 2013.
Somadas todas as categorias de veículos cobertas pelo seguro (carros, motos, ônibus e caminhões), foram pagas 29.025 indenizações por morte, 215.530 indenizações por invalidez permanente e 54.735 reembolsos de despesas médicas e hospitalares. O relatório publicado pela seguradora Líder aponta que do total de pessoas que sofrem algum tipo de dano em acidentes de trânsito, 70% estão na faixa etária de 18 a 44 anos, ou seja, a que concentra a maior parcela da população economicamente ativa do País. “É uma população que tem acesso à informação e é esclarecida, mas insiste em dirigir sem habilitação e embriagado”, critica.
Carlos Ubirajara, 44, é um dos mais de 215 mil brasileiros indenizados por invalidez permanente. Em um acidente, em setembro do ano passado, ele perdeu a visão no olho esquerdo e ficou com menos de 10% de visão no olho direito. Ele trabalhava como  metrologista e fazia uma viagem a trabalho pela rodovia PA-150, quando uma carreta freou após uma curva, para desviar de um buraco, e ele não conseguiu evitar o choque. “Estava com o cinto, mas o impacto foi tão forte que perdi a visão na hora. Fui levado para o pronto socorro de Tailândia, mas o hospital não tinha condições de me tratar e me transferiram para Belém, numa agonia que durou quase 10 horas”, recorda. Somente seis meses depois, ele recebeu o DPVAT, no valor de R$ 13.500, de duas vezes, após enfrentar muita burocracia.
Em Belém há 26 pontos autorizados para solicitar o seguro. Ubirajara recomenda que o segurado ou a família liguem para os postos de atendimento e confirmem a documentação necessária para evitar transtornos. “Foram cobrados vários documentos que deveriam ter sido emitidos no local do acidente; precisei de diversos laudos para comprovar que os dois olhos tinham sido afetados e receber a indenização integral”, conta. Ele era temporário na empresa e se aposentou por invalidez pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no final de outubro, ainda a tempo de fazer duas cirurgias. “Ficou faltando uma operação no nariz; fiquei praticamente sem olfato depois do acidente, mas não tenho recursos para pagar a cirurgia”, lamenta.
Mesmo com 18 anos de experiência dirigindo na estrada, Ubirajara foi vítima das péssimas condições das rodovias no estado. “No começo, disseram que perderia a visão, mas hoje consigo enxergar com a ajuda de um óculos de 10 graus. E, principalmente, escapei da morte”, completa. A jovem Marina Holanda Silva de Lima não teve o mesmo destino. Aos 25 anos, morreu em um acidente no centro de Belém, em março de 2005. A mãe, Nádia Silva de Lima, 55, até hoje não sabe a causa da tragédia, que vitimou a filha e o namorado, quando saíam de uma festa. “Eles dirigiam de madrugada com frequência, sempre revezando a direção caso um tivesse bebido, mas nunca haviam se envolvido em acidente”, lembra. Um dos veículos, não sabe-se qual, avançou o sinal.
Os passageiros do outro carro não tiveram ferimentos graves. A família de Marina recebeu o DPVAT, na época no valor de R$ 10 mil. “Pelo que eu percebo, as pessoas em Belém ainda não entenderam que algumas atitudes são perigosas, põem a si mesmo e aos outros em risco e  podem acabar com a vida de pessoas queridas”, alerta.

FRAUDES

O Sincor/PA é um dos pontos autorizados do seguro DPVAT e no primeiro semestre já faz 1.726 atendimentos. O diretor do sindicato, Otávio Augusto Souza, avalia que a maior dificuldade é a divulgação dos direitos das vitimas de acidentes. “É essencial que os interessados busquem se informar para não caírem na armadilha de pessoas que tentam tirar vantagem”, orienta. A seguradora Líder intensificou  o combate à fraude no primeiro semestre deste ano, com comprovação de 2.473 tentativas de fraude, que poderiam ter gerado perdas  de até R$ 11,3 milhões. Dados coletados pela entidade mostram ainda que a motocicleta é o  veículo com maior incidência de acidente com vitimas, representando em média 66% das  indenizações entre os meses de janeiro a junho de 2012 e 2013 no Estado.
A seguradora Líder aponta que, embora as motocicletas representem 27% do total da frota de veículos do Brasil, elas correspondem a 62% do valor total pago e 71% da quantidade de vítimas indenizadas. “Foram 11.712 indenizações por morte em acidentes envolvendo motocicletas, o que representou 40% dos pagamentos por óbito do primeiro semestre de 2013. Em valores, essas indenizações chegaram a R$ 151,1 milhões”, informa o relatório disponível no site www.seguradoralider.com.br. A página na internet www.dpvatsegurodotransito.com.br também reúne informações sobre o assunto e o Sincor/PA fornece esclarecimentos pelo telefone 0800 7030993 ou assistência pessoal na sede, localizada na avenida Duque de Caxias, nº 295, entre as ruas  Domingos Marreiros e Antônio Barreto.

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