BRENDA PANTOJA
Da Redação
Colaboração é a chave para o projeto Rota Urbana, que ajuda usuários de transporte coletivo a encontrarem o ônibus mais indicado para o trajeto que desejam. A informação vem através de um site que mostra mais de 80 linhas e seus respectivos percursos. A iniciativa foi desenvolvida por alunos dos cursos de Ciências da Computação e Sistemas de Informação da Universidade Federal do Pará (UFPA), pensando em suprir uma necessidade dos moradores da Região Metropolitana de Belém que enfrentam diariamente o trânsito caótico da cidade. Qualquer pessoa pode acessar a página na internet e contribuir com informações sobre um novo roteiro, corrigir dados ou fazer sugestões, baseando-se em um conceito chamado crowdsourcing.
O endereço do site é www.rotaurbana.net.br e um dos desenvolvedores, Adailton Lima, explica que a página está em fase beta, ou seja, sofrendo alterações frequentemente conforme as ferramentas são aprimoradas. “O projeto é fruto de um trabalho acadêmico feito por cinco alunos, que precisava atender uma demanda concreta da sociedade e o trânsito foi uma das principais questões apresentadas”, conta ele, que já é formado em Ciências da Computação e atualmente cursa doutorado na área. Ele e outros dois ex-alunos coordenam uma pequena empresa de base tecnológica e decidiram investir na tecnologia elaborada pelos estudantes.
“Algumas empresas disponibilizam o itinerário da frota, mas em forma de lista com os nomes das ruas e não atualizam constantemente, um problema para uma cidade que sofre várias alterações no trânsito por causa de obras como o BRT”, afirma. Baseados nas informações fornecidas pelas empresas e, principalmente, pelos usuários do transporte coletivo, chegou-se ao formato atual do Rota Urbana. Ao acessar o site o internauta se depara com um mapa e dois sinalizadores que podem ser arrastados para indicar os pontos desejados de saída e chegada. Após clicar em “Consultar Linhas de Ônibus” o sistema mostra as opções em um raio de 200, 300 ou 500 metros, que foi a distância máxima apontada pelos entrevistados para se deslocar até um ponto de ônibus.
Também é possível consultar uma linha específica pelo nome ou número e visualizar todo o trajeto que ela faz. “Eles fizeram pesquisa com usuários de ônibus para saber quais eram as maiores dúvidas e reclamações. A falta de um espaço que concentrasse informações foi uma das queixas”, completa. O projeto foi lançado oficialmente em maio e já registra 150 acessos diários. Adailton atribui a repercussão à ideia que atinge uma carência e à plataforma de fácil acesso. “A pessoa pode consultar antes de sair para pegar o ônibus ou mesmo pelo telefone celular que tenha internet, mas o próximo passo é desenvolver um aplicativo para smartphones que facilite a consulta”, adianta.
O planejamento do projeto inclui uma série de ações, como a apresentação de outros tipos de rotas. Passeios de bicicleta, patins e roteiros turísticos poderão ser incrementados futuramente. “Dentro de duas semanas, no máximo, os usuários poderão ver a localização das paradas de ônibus, para saberem exatamente onde subir e descer do coletivo”, garante. Por enquanto, o projeto não gera renda, mas Adailton mencionou a ideia de negociar funcionalidades como anúncios de cooperativas de táxis como um meio de garantir as despesas, mas sem influenciar no resultado final gratuito para o usuário.
A universitária Thalita Oliveira, 21, vê muitas vantagens no Rota Urbana por ser alguém que precisa usar transporte coletivo diariamente e tem bastante dificuldade em memorizar os percursos. “Achei a iniciativa maravilhosa porque quanto tenho dúvidas sobre o caminho que o ônibus vai fazer preciso ligar para conhecidos ou perguntar para as pessoas”, confessa. O aplicativo para celular seria uma solução ainda mais prática para quem já está na rua e precisa tirar uma dúvida, acrescenta ela. “Já tive conhecimento de um site com a descrição das rotas, mas foi atualizado pela última vez há quatro anos e ter essas informações recentes, concentradas em um só lugar ajuda muito”, frisa.
Adailton ressalta que o projeto não é novidade para muitas cidades brasileiras, como Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ). “Aqui em Belém as deficiências no trânsito são muitas e podemos adaptar para a nossa realidade, ampliando o alcance para outras cidades do estado, para públicos diferentes e para portadores de necessidades especiais”, comenta. A acessibilidade também é pensada no projeto e, segundo ele, há estudos sendo feitos para que um deficiente visual possa usar o aplicativo e ouvir quais ônibus passam no local em que ele está, assim como o itinerário deles. O site possui versão em inglês e uma página destinada ao “feedback” dos usuários, onde podem ser publicadas sugestões e opiniões.
TÁXI
A tecnologia também é aliada dos taxistas e passageiros de Belém que, a partir desse mês, passaram a contar com um aplicativo para celular e internet que facilita a utilização do serviço. O Easy Taxi é uma plataforma que estabelece contato direto entre o profissional e o cliente para minimizar o tempo de espera, pois identifica o veículo mais próximo do usuário em um raio de dois quilômetros. A empresa, lançada no ano passado, atende um milhão e meio de pessoas em 22 cidades, com mais de 40 mil táxis cadastrados em 11 países. A expansão deve continuar até a copa de 2014, com o objetivo de alcançar as cidades que sediarão os jogos.
O gerente nacional de operações da Easy Taxi, Fernando Pinheiro, explica o funcionamento do programa. “Uma vez feita a solicitação o passageiro recebe o nome e modelo do carro, além de poder rastrear a localização para evitar desencontros. Ele e o taxista tem acesso ao número do telefone um do outro, facilitando o contato”, detalha. Para ele, o diferencial é a ausência de intermediários e a rapidez no atendimento, com tempo médio de dez minutos para conseguir um táxi, bem menor do que o esperado nas cooperativas de táxi. Em Belém, uma seleção criteriosa será feita para cadastrar os taxistas. “Temos uma equipe de promotores que está visitando os pontos e apresentando o programa, além da divulgação via rádio e um ponto fixo, onde eles devem levar toda a documentação da habilitação e do veículo para ser aprovado”, informa.
Além dos documentos em dia, o taxista precisa ter um celular com sistema operacional Android. Para os passageiros, o Iphone também pode ser usado. As informações para o download do programa estão disponíveis no site oficial (www.easytaxi.com.br), que pode ser usado normalmente por quem não possui smartphone. Não há custos adicionais para quem pedir táxis por meio do aplicativo, porém o taxista terá que pagar uma taxa de R$ 2 a cada corrida conseguida por meio do serviço.
A universitária Thalita Oliveira também costuma andar de táxi para se locomover rapidamente da faculdade para o estágio, mas reclama da demora. “Muitas vezes demora mais tempo para o carro chegar do que o trajeto em si, mesmo que eu entre em contato com a cooperativa mais próxima da minha casa”, queixa-se. Usar a tecnologia para driblar os problemas do tráfego cada vez mais complicado em Belém é uma boa saída, acredita ela, que espera que os investimentos na área aumentem e melhorem a configuração do trânsito na cidade.
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