*Publicado em O LIBERAL de 27/04/2014
BRENDA PANTOJA
Da Redação
A tradicional combinação de feijão com arroz continua muito querida pelos brasileiros, principalmente na região Norte, onde a procura pelo prato nos restaurantes cresceu mais de 40%, ficando acima da média nacional de 30%. A pesquisa feita pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert) constatou também que o preço médio de uma refeição, em Belém, é mais caro do que o valor médio nacional de R$ 30,14. Na capital paraense, é preciso desembolsar R$ 32,46 para pagar um prato mais bebida, sobremesa e café.
Foram analisados os restaurantes que trabalham nos sistemas comercial, autosserviço, executivo e à la carte. O levantamento, intitulado “Refeição Assert Preço Médio 2014” verificou que o feijão com arroz é democraticamente oferecido em 89% dos estabelecimentos pesquisados em todo o país. Analisados separadamente, o feijão lidera o gosto popular. Segundo a Assert, na região Norte, a preferência pelo feijão cresceu 43%, enquanto a procura pelo arroz aumentou em 41%. Osberto Marques gerencia um restaurante no centro de Belém, no bairro da Campina, e observa esta diferença no consumo, fator que leva em consideração na hora de montar as refeições.
“Um prato feito pesa cerca de 600 gramas e mais da metade disso é composto por arroz e feijão, podendo incluir também macarrão. Se coloco 180 gramas de arroz, vão duas conchas de feijão, que dá uns 250 gramas”, calcula. A proporção foi elaborada por ele quando entrou no segmento, há quatro anos, depois de quase três décadas trabalhando com cozinha industrial e executiva. “Trabalhei muito tempo com acompanhamento de nutricionistas e resolvi mudar para o público comercial porque queria um rendimento maior. De fato, são clientes que se fidelizam; tem pessoas que almoçam diariamente comigo desde que o restaurante abriu”, conta.
Pelo próprio perfil dos fregueses dele, que compram o almoço pronto por R$ 8, o cardápio não varia muito. “Eles reclamam se faltar, por exemplo, carne assada e calabresa acebolada. Os tipos de carne não mudam muito, assim como a salada. A grande variedade de pratos é característica de buffets self-service”, diz. Para os paraenses, no entanto, há um diferencial que a pesquisa da Assert não levou em consideração. O açaí faz parte da refeição principal e no restaurante de Osberto, o prato feito pode vir acompanhado de uma porção de açaí, por mais R$ 2.
Ele oferece a opção de pagar por quilo, mas não é a que faz mais sucesso. “Com a disparada no preço da carne no último ano, eu tive que subir também o valor do prato, mas foi pouca coisa e não prejudicou as vendas. Aumentou em um real e os clientes não reclamaram, porque eles também sentiram a inflação em casa”, ressalta.
Programa alimentar do governo é considerado ferramenta de inclusão
O estudo da Assert avaliou ainda que Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), do Ministério do Trabalho e Emprego, é uma ferramenta de inclusão, uma vez que um trabalhador gasta um montante significativo por mês para se alimentar durante o expediente.
O programa beneficia 17 milhões de trabalhadores com registro em carteira, sendo que 80% têm renda até cinco salários mínimos. “Ao atender prioritariamente a população de baixa renda, o PAT assume um forte componente social de inclusão, pois garante a quem mais precisa o acesso à alimentação. Ao elevar a produtividade dos trabalhadores, conforme já comprovado por estudos, ele contribui também para a competitividade da economia brasileira”, destaca Artur Almeida, presidente da Assert. Ele também chama a atenção para o fato de que os estabelecimentos, como o de Osberto, representam uma ótima relação custo-benefício com boa perspectiva de equilíbrio nutricional e no preço.
Nestes estabelecimentos o carro chefe é o prato típico da culinária brasileira, onde a base é a mistura de feijão com arroz, rica nutricionalmente, além de algum tipo de carne (bife, frango, filé de peixe) e salada. No Norte, o preço médio do prato nos restaurantes comerciais, acrescido de bebida, sobremesa e cafezinho é de R$ 17,87. Apenas para 40% do público deste segmento, arroz e feijão estão associados a uma alimentação saudável. O técnico judiciário João Batista Abreu, de 53 anos, almoça fora de casa diariamente e faz o possível para controlar os gastos e balancear a alimentação.
“Prefiro restaurantes populares, de comida a quilo, porque geralmente têm mais opções”, afirma. Em relação aos preços, o aumento foi notado claramente por ele nos estabelecimentos dentro de shopping centers. “Enquanto é possível perceber restaurantes comerciais que ficaram 10% mais caros, esse crescimento pula para até 30% nos shoppings. Só vale a pena quando a gente sai da rotina, pois arroz e feijão ainda são o melhor custo-benefício para quem inclui a alimentação fora de casa no orçamento”, completa.
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