segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Unidades de Mosqueiro estão no limite

*Publicado no jornal O LIBERAL de 29/06/2013

BRENDA PANTOJA
Da Redação

   Moradores de Mosqueiro reclamam da dificuldade de encontrar um posto municipal de saúde que ofereça atendimento médico de urgência ou consulta, curativos e medicamentos. A maior queixa é que quando há um desses serviços o outro não está disponível, o que leva os pacientes a peregrinarem em várias unidades da Ilha para conseguir um tratamento mais completo. O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde) agendou uma reunião na Agência Distrital de Mosqueiro para segunda-feira. No sábado, dia 6, a categoria, com o apoio da comunidade, pretende fechar a ponte de acesso ao distrito e paralisar as atividades nas Unidades Municipais de Saúde caso a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) não responda às reivindicações.
   A cozinheira Vanda Costa, 36, trabalha ao lado da UMS de Carananduba e preocupa-se com o marido hipertenso, que está sem medicação há cinco dias. “Ele já foi em dois postos e não foi atendido, não recebeu o remédio e nem foi encaminhado para se consultar em outro local”, lamenta. A agonia do sapateiro Antônio Rocha de Oliveira, 71, já dura quase quatro anos e nem um diagnóstico preciso ele obteve para as dores que sente no ouvido. “Desde que começou um chiado no ouvido esquerdo eu já fui a três hospitais, incluindo o Bettina Ferro em Belém, mas não consegui fazer nenhum exame e só receitam xaropes que não adiantam nada”, conta. A presidente da associação dos moradores da comunidade Brasil Novo, Fátima Alves, afirma que as equipes médicas são reforçadas somente nos períodos de férias e feriadões por causa dos turistas. “Quando termina tudo e chega agosto, os médicos somem e nós, que vivemos aqui, ficamos na mesma situação”, acrescenta.
   O gerente da UMS de Carananduba, Max Jardim, reconhece que a falta de medicamentos nos postos é um problema geral, mas que os estoques serão renovados nessa terça-feira. “Normalmente funcionamos com um quadro de 18 médicos, que atendem 24 horas, mas com o aumento da demanda em julho receberemos mais quatro profissionais”, garante. Com cerca de 1.500 atendimentos mensais, essa quantidade deve dobrar nas férias. A unidade não oferece aplicação de curativos, pois segundo ele, essa é uma tarefa das Unidades Saúde da Família (USF). No entanto, o gerente disse que deseja implantar o serviço, uma vez que o posto possui estrutura física para tal. Uma das reclamações do Sindsaúde em relação à UMS foi a falta de água causada pela tubulação entupida. Porém, Jardim alegou que o encanamento do prédio funciona normalmente.
   A USF de Sucurijuquara já foi alvo de diversos protestos realizados pelos moradores da região, que neste semestre interditaram duas vezes a Estrada da Baía do Sol para exigir médicos no posto. O último profissional deixou o cargo em 2011 e desde então a população era atendida apenas por técnicos de enfermagem e uma enfermeira. O aposentado Deusdete Dantas, 68, deixou o posto com as guias de uma consulta e um exame marcados para a esposa, que sofre de dor nas articulações e tem problemas renais. “Só consegui consulta para semana que vem e o exame só será feito depois disso no Hospital das Clínicas, mas muitas vezes vim aqui atrás de remédios simples, como pomada para ferimentos e não tinha nada”, relata.
   Os médicos que os moradores pediram durante todo esse tempo chegaram apenas na semana passada. Agora a USF conta com duas profissionais, além dos técnicos em enfermagem para atender uma média de 25 pessoas por dia. A coordenadora da unidade, Ana Santos, admite que o material para curativos não supre a demanda mensal, mas ressalta que os pacientes não deixam de receber o serviço. “Muitas pessoas vem à unidade procurar remédios para hipertensão e diabetes que podem ser retirados gratuitamente também nas farmácias, basta apenas se cadastrar no programa do governo”, lembra. Ainda segundo ela, com a troca da gestão municipal, muitos medicamentos fornecidos estão sendo substituídos e a burocracia do processo licitatório pode atrasar um pouco a entrega. Uma nova remessa de material e remédios está prevista para chegar ao posto no começo da semana que vem.
   As péssimas condições de funcionamento da UMS da Baía do Sol são a principal queixa dos pacientes, que encontram aparelhos de ar-condicionado quebrados, goteiras e até cupim nas instalações. Apesar de o funcionamento ser 24 horas, a estudante Cleiciane Bentes, 19, que está grávida de sete meses não conseguiu ser atendida durante a madrugada. “Estava com muita dor e vim às 4h da manhã, mas as portas estavam fechadas, tive que voltar pra casa e esperar a médica do plantão de meio-dia chegar”, indigna-se. A gerente da unidade, Kátia Pardauil, alega que há 10 plantonistas trabalhando de dia e de noite desde o mês passado, quando a equipe recebeu mais três médicos e ainda aguarda a chegada de um ginegologista e um pediatra.
   “Recebemos um grande número de pessoas de outras comunidades que vem aqui em busca de remédio, vacina ou curativo, o que gera um quantitativo maior do que o esperado e esgota mais rapidamente os materiais e medicamentos”, justifica. Para amenizar os problemas do posto, ela está implantando um sistema que usa a internet para agilizar a marcação de consultas e exames. Quanto aos problemas estruturais, ela explica que o projeto de ampliação e reforma da unidade já foi aprovado e o levantamento do que será necessário foi realizado pela Secretaria Municipal de Urbanismo, mas as obras não tem prazo para começar, porque as licitações ainda serão abertas. A Sesma informou que as unidades de Mosqueiro já estão recebendo todos os materiais para curativos, assim como medicamentos, além de frisar que o atendimento nos postos foi reforçado para as férias de julho.

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